quinta-feira, 21 de outubro de 2010

LXVIII.

E fui tomada por horror, sentindo que tinha a certeza de que ele tinha entendido - como eu acho que entendo um ciclo de vida de lagarta a borboleta e outras coisas - como se dava minha existência e manobras. Sabia, ainda assim, que não. "Não sou borboleta, acho até que sou mais complexa, é isso que a gente fica agarrando pra verdade, sou muito mais coisa, sou mais até lagarta, quer saber? É impossível que você saiba que eu mexi no cabelo pra não me perder de mim, não é possível que eu tenha te deixado ver que meu rosto forma imagens gritantes pra que se veja a imagem, não o rosto. Nem o corpo, coisa alguma." Pensava que não, sabia que não, sentia que - sim - tinha perdido meus poderes de enganação. Eu mesma, que sou só ilusão de ótica.
Quase quis perguntar: você acabou de me ver simples? Viu verdade? Sabe das coisas que eu não sei sobre mim?
Jamais diria, minha garganta não tem a capacidade de deixar tomar forma esse tipo de nudez.

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

LXVII.

Você não admitirá a forma como as coisas se dão entre vocês, mesmo que te custe o resto dos teus trocados ébrios.

sábado, 9 de outubro de 2010

LXVI.

E se me vir encostada num ombro de quem eu só quero o corpo, com aquele sorriso odioso nos lábios... saiba que não é deboche, é costume.

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

LXV.

É uma opção sempre existente, sempre à espreita, essa de levar as coisas da forma mais dolorosa possível, mesmo que plausível, até o mais emudecedor e irreversível dos fins.
O mal de maior coerência machuca mais...
Ter motivo pra não deixar fluir até que nada mais seja capaz de gerar.
Explorar ao máximo, destruir demais. Explorar demais, só pra destruir.
Afastar qualquer contato inoportuno de pronto, com frieza, bagunça ou mau comportamento.
Decepar qualquer um de seus membros que me toque não só a carne.
Cortar qualquer laço que tenha em si um pouco mais de calma.
Correr, correr, sempre ganhar.
Admitir fraquezas pra não perder.
E só sentir quem sabe doer. Só se deixar ver por quem se põe nu um pouco antes, um pouco mais, um pouco além.