terça-feira, 24 de abril de 2012

LXXXII.

Descansar o dia todo e se alimentar à noite.
De pele, suor, de riso e deboche do que não pode, não deve e não cai bem.
Eu preciso de olhos nos meus olhos e de corpos no meu corpo, alguns em específico, por uns dias, uma semana, aí passa. Sempre passa, eu sempre passo, isso é o que fica. Continuar, assim, dizendo o que quero quando quero e que quero agora, mesmo, sim e claro. Dizendo o que penso e que a urgência é maior que eu e que a vontade é tudo que existe e vendo, um por um, os rostos assustados ou as conversas evasivas. Eu vejo tanta gente, tanta, dizendo que bom é assim, é! Dizer o que quer e o que quer do outro, com o outro, e ser vulnerável assim e ver daí o que acontece e ir atrás do que quer.
É sempre mentira, não é? Todo mundo escreve, não faz. Todo mundo inveja os personagens sangüíneos que quase saltam da tela pra te estapear quando se frustram e bebem e se mostram do avesso e ligam e falam sobre as piores coisas que aconteceram em suas vidas, é só perguntar. Porque sabem que todo mundo é vulnerável igual, de algum jeito, em algum lugar.
Dezenas, centenas, milhares de pessoas agitando uma massa cinzenta, com vontades furta-cor, admirando uma espontaneidade transbordante, sendo só de uma impulsividade química. Com medo de levar a sério e de não levar a sério, no dia da ressaca. Querendo saber se vão cobrar o cinema que combinaram ou aperecer pra visitar às duas da tarde, que desconfortável.