terça-feira, 14 de dezembro de 2010

LXXII.

Com a guarda aberta, calma, sem a mínima disposição pra abrir mão.
Não me importa seu sofrimento; acho tranqüilo esse tipo de pesar, a que você se sujeita porque quer. Só importa que seja minha culpa ou não.
Eu quero as duas coisas, eu tenho as duas coisas, eu me sinto muito bem assim.

terça-feira, 16 de novembro de 2010

LXXI.

Parando pra observar, na oportunidade que se me deu, tenho vocação pro estupro, pro aborto e pra doença de todas as coisas que queiram viver de mim sem alguma autorização.

segunda-feira, 15 de novembro de 2010

LXX.

Me assusta que me toquem por vontade própria.

sexta-feira, 12 de novembro de 2010

LXIX.

Eu entendo, você não vai se desculpar e nem precisa.
Pessoas como eu, nesse sentido, me cansam igualmente.
Não se sinta acanhado, mesmo, pra vir pegar de mim o que você quiser.
Mas isso é coisa minha. Verbos como "vir", "pegar", "tomar", "querer" e "precisar" não se sentem bem numa frase com seu nome.

quinta-feira, 21 de outubro de 2010

LXVIII.

E fui tomada por horror, sentindo que tinha a certeza de que ele tinha entendido - como eu acho que entendo um ciclo de vida de lagarta a borboleta e outras coisas - como se dava minha existência e manobras. Sabia, ainda assim, que não. "Não sou borboleta, acho até que sou mais complexa, é isso que a gente fica agarrando pra verdade, sou muito mais coisa, sou mais até lagarta, quer saber? É impossível que você saiba que eu mexi no cabelo pra não me perder de mim, não é possível que eu tenha te deixado ver que meu rosto forma imagens gritantes pra que se veja a imagem, não o rosto. Nem o corpo, coisa alguma." Pensava que não, sabia que não, sentia que - sim - tinha perdido meus poderes de enganação. Eu mesma, que sou só ilusão de ótica.
Quase quis perguntar: você acabou de me ver simples? Viu verdade? Sabe das coisas que eu não sei sobre mim?
Jamais diria, minha garganta não tem a capacidade de deixar tomar forma esse tipo de nudez.

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

LXVII.

Você não admitirá a forma como as coisas se dão entre vocês, mesmo que te custe o resto dos teus trocados ébrios.

sábado, 9 de outubro de 2010

LXVI.

E se me vir encostada num ombro de quem eu só quero o corpo, com aquele sorriso odioso nos lábios... saiba que não é deboche, é costume.

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

LXV.

É uma opção sempre existente, sempre à espreita, essa de levar as coisas da forma mais dolorosa possível, mesmo que plausível, até o mais emudecedor e irreversível dos fins.
O mal de maior coerência machuca mais...
Ter motivo pra não deixar fluir até que nada mais seja capaz de gerar.
Explorar ao máximo, destruir demais. Explorar demais, só pra destruir.
Afastar qualquer contato inoportuno de pronto, com frieza, bagunça ou mau comportamento.
Decepar qualquer um de seus membros que me toque não só a carne.
Cortar qualquer laço que tenha em si um pouco mais de calma.
Correr, correr, sempre ganhar.
Admitir fraquezas pra não perder.
E só sentir quem sabe doer. Só se deixar ver por quem se põe nu um pouco antes, um pouco mais, um pouco além.

quarta-feira, 29 de setembro de 2010

LXIV.

...quando os dedos se forçam com um único objetivo, sem pretensão de originalidade e intimização. Toquem em mim o quanto puderem, sem que tentem me tocar.

segunda-feira, 27 de setembro de 2010

LXIII.

Eu, morrendo pelas coisas muito fácil.
Eu, de zero a mil em 3 segundos.

quinta-feira, 23 de setembro de 2010

LXII.

Eu não sei agir como se eu não estivesse na vitrine.
Não sei me apaixonar, não sei esperar até que alguém imóvel comece a se mexer.
Não sei me fazer entender, a não ser que resolvam ouvir o que eu estou dizendo, deixar de lado o que eu estiver emanando.
Não sei me dizer sem me explicar à exaustão.
Não sei dizer pra quem não quer ouvir.
Não sei ouvir a quem não vai dizer.
Não sei me ouvir.
Eu não sei viver no meio do verde, no meio do azul, no meio do rosa.
Eu detesto rosa e sua mania ridícula de achar que eu te quero demais só porque eu te quero demais.
Eu quero demais qualquer coisa que eu queira.
Eu não entendo quando alguém me diz "nem tudo pode ser visto como um jogo, nem toda moeda de troca é poder, nem todo mundo tem um preço". Claro que sim. É claro que sim.
Quase não entendo quem não dá tanta atenção a sexo. Quase não entendo tranqüilidade demais.

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

LXI.

Com licença, posso te abusar e apertar, me esfregar um pouco em você e ficar dançando em volta?

quarta-feira, 8 de setembro de 2010

LX.

"Free is too long
You know this is wrong
Everything scars the skin
Push it in,
Push it in,
Break it off"

quarta-feira, 25 de agosto de 2010

LIX.

Bem de manhãzinha eu abri a janelinha. Um passarinho pousou na beiradinha da gradinha e disse pra mim:
Cê já devia ter morrido, sua puta.

domingo, 22 de agosto de 2010

LVIII.

Me dá
Eu quero
Como é que eu vivo sem?

terça-feira, 17 de agosto de 2010

LVII.

É muito assustador, nada é mais assustador que descobrir um poço sem fundo, cheio de ressentimento. Descobrir que ser uma pessoa bem resolvida não impede que machucados não cicatrizados e a nunca cicatrizar se acumulem, um sobre um outro sobre aquele sobre o dia em que você tomou coragem pra responder porque não concordou e ela te bateu de tamanco.
É horrível saber que todas as hipocrisias e incoerências que ela me fez engolir eu não consegui perdoar. Se fossem só dela, sim. Carregadas e apontadas na minha direção, não.
É muito assustador, é muito grande. É horroroso ter um tipo de coisa que só o colo da minha mãe acalma e um outro tipo que a simples presença dela sufoca até a morte.
E pesa tanto, espera tanto, obriga tanto, grita tanto, destrata tanto, não enxerga tanto, exige tanto e marca tanto.
Um tipo de existência opressora que se faz única. A única da qual eu não consigo me livrar. O único grito que, até quando não cabe a mim, eu pego e guardo. Eu não consigo me desviar de nenhum dos males que ela me faz. Eu nunca aprendi a transformar em outra coisa.
Eu não quero calar ou fingir que não existe. É um poço enorme de ressentimento. E minha tia viu. E minha tia comentou. E minha tia achou engraçado e triste. E disse que era curioso ver essas coisas. Como uma pessoa não consegue compreender o mal que a outra faz e sem motivo. E como a outra não percebia e repetia sempre, e como o ciclo era sempre o mesmo. E como era difícil estrangular ou não a tristeza e a amargura. E como acontece igual. E como outra filha ressente outra mãe. E como se machuca, se cala, se faz calar, se destrata, se prende...
E eu falo de como é sempre feio, como é sempre desmedido, como nunca cabe. Como toda tentativa de compreender falha sempre na parte mais importante, como a tentativa de ajudar a não errar sempre nega ajuda onde se precisa, como toda concessão está atrelada a cobrança e culpa.
Só existe amor incondicional entre nós no silêncio e na minha casa se fala demais.
Só existe carinho sem fim na minha casa quando alguém tá doente, e eu quero ficar bem.
Só existe aconchego e compreensão quando tá todo mundo tranqüilo, mas e quando se precisa?

sexta-feira, 13 de agosto de 2010

LVI.

Até quando custa muito perguntar, quando custa, claro, manchar beleza e tranqüilidade com cores de febre e arranhões, quando custa apertar e ver que o outro não tem mais certeza de poder se sentir livre; ainda assim, sempre me custa mais não saber.

segunda-feira, 2 de agosto de 2010

LV.

Eu ficava mais confortável estando certa de tudo. Me perceber duvidosa me faz quase sentir insegurança em relação aos meus próprios planos desimportantes. E eu sei lidar com todas as coisas desimportantes.
Só porque sou eu, ainda existe a dúvida. Ele nunca nunca nunca vai conseguir se livrar das vontades mais feias que já teve, nem eu das vontades mais gostosas dele. Não é do meu interesse me livrar de vontades. É do interesse de todo mundo se livrar das minhas?
Não importa, não importa.

terça-feira, 20 de julho de 2010

LIV.

I tell you we must die
I tell you we must die
I tell you we must die
I tell you we must die
I tell you we must die
I tell you we must die
I tell you we must die
I tell you I must die.
Tentando um
What difference does it make?

quarta-feira, 14 de julho de 2010

LIII.

Cheiro de Artur, cheiro de Artur, cheiro de Artur.

segunda-feira, 12 de julho de 2010

LII. So long and goodbye.

Consigo ouvir:

- De onde você tirou isso?
- Que pergunta estúpida.

Pior do que se negar a responder perguntas indiretas e não responder as diretas também é ouvir um comentário direto sobre a pergunta lancinante, sobre o assunto em que tudo mergulhou, de repente, e insistir que não se consegue entender do que se trata ou por que tão cru.
Não importa que uma interrogação exista pro mundo. Pra você bem menos. Pra eu perguntar, basta que exista pra mim. Se eu desenhar... ajuda?
Só quero que minhas birras com a ordem das coisas e os nãos que me são impostos parem de se personificar na minha frente. Quero que esse tipo de inquietação - é até mais que isso - não se manifeste mais do lado de fora, com braços e pernas próprios, com tatuagem, cicatriz.
Eu fico me apossando de uma briga inexistente e de qualquer esboço de problema porque você é um pacote das minhas birras. Não cabe porque você não é um pacote de birras minhas. Você é uma caixa-preta com história de vida e eu nem simpatizo.
And no mystery.

LI.

HAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHA
Que horror.

terça-feira, 6 de julho de 2010

L.

O tempo todo, pode ser?
Eu quero você toda hora que a gente quiser.

terça-feira, 15 de junho de 2010

XLIX

"I don't love you anymore. Goodbye."

segunda-feira, 7 de junho de 2010

XLVIII.

Eu não sei qual é o problema com esse tipo de desespero, não vejo nenhum. Com a insistência, aí sim, faz sentido. Mas pra quê, antes de saber do que se trata?
Tudo se resume a sexo, é a sexo que essas madrugadas andam me resumindo.

domingo, 6 de junho de 2010

XLVII.

Vem aqui, senta aí, dá sua mão.

sexta-feira, 21 de maio de 2010

XLVI.

Tanto faz. Não faz nada.
Eu não faço coisa alguma nessa coisa toda.
Not anymo-ore.

quarta-feira, 5 de maio de 2010

XLV.

De duas uma: ou eu acabo matando tudo, um dia, tudo que pisar nos meus domínios, tudo que eu queira ver viver, mas é inconveniente demais quando se mexe... ou... eu aprendo a não estruturar segundas opções, só botar um pé na frente do outro.

segunda-feira, 3 de maio de 2010

XLIV.

Tô mais do que cansada de ficar descontrolada por completo quando perco pro desagradável o controle de umas coisas que passam de pequenas pra todo absoluto. Eu vou de pequena pra todo absoluto... naquelas coisas que são as que eu mais detesto fazer.
Na porrada, como eu me lembro bem, eu vou ter que dar um jeito de abrir a porra da mão e deixar a porra do leme livre pra dar quantas voltas ele ficar afim de dar, pro lado que for, pra ver no que dá.
As coisas não têm que ser complicadas sempre, vai? E ninguém precisa saber e ver todas as coisas que eu complico porque eu, num dia, há uns anos atrás, cansei de não dizer, mostrar e beber as coisas.

sexta-feira, 30 de abril de 2010

XLIII.

"There's still a little bit of your taste in my mouth
There's still a little bit of you laced with my doubt
It's still a little hard to say what's going on"

Oh, goodness.
Por falar nisso...

Nenhum pedaço de mim na sua colcha de retalhos.
Muitos, muitos pedaços de coisas que não sou eu.
Quase engraçado.

sexta-feira, 23 de abril de 2010

XLII.

Just gotta get out, just gotta get right outta here...
Scaramouche, scaramouche, will you fucking let me be?
Eu não vou fazer as coisas do jeito mais fácil, eu não faço as coisas do jeito mais fácil.
Ei, eu não faço as coisas da desgraça de jeito mais fácil quando elas significam concordar com você e mentir pra absolutamente tudo que eu penso a respeito.
Se você fosse qualquer coisa com a qual desse pra dialogar, faria sentido. Se você gostasse de resolver problemas, faria sentido. Se você não dependesse das suas próprias penas e tormentos e tivesse que brigar com absolutamente tudo, o tempo todo, do jeito que você quiser e todo mundo não tivesse que te engolir, por mais que você continuasse não engolindo nada, de ninguém, por nenhum motivo, eu poderia... tandamdaaaammmm... conviver com você.
Ah, claro, eu também poderia conviver com você se você não me sacudisse, não me arranhasse, não gritasse na minha cara, não se sentisse no direito de falar o que você quer, sem ouvir nada a respeito, só porque tá com raiva por causa de uma situação que só é um problema sem solução porque você começou a supor coisas que não sabia se tinham acontecido, se você não acreditasse nos próprios devaneios, não perguntasse acusando, não fosse chantagista e entendesse que eu não te devo meus argumentos, vontades e formas porque você vive a vida por minha causa.
Você não vive sua vida por mim, e você não a vive por você.

sexta-feira, 16 de abril de 2010

XLI.

Centímetro por centímetro, medido nos dedos da mão espalmada, em ângulos de pernas flexionadas e nas nuances de respiração ofegante que contam muito mais do que se costuma perceber. Todo objeto ofegante da respiração, quando esta diz que nada mais serviria. Nenhum outro jeito.
Medido em comprimentos do rosto que ia se arrastando, subindo barriga e peito e lhe deitando ao pescoço, até que não houvesse mais a tentativa chula de quantificar. Nem o esforço inútil pra classificar. E a classificação se deixou calar, pra que a noite pudesse ser leve e o ritmo das coisas fosse só o ritmo que as coisas têm.
Medidas e medidas de coisas que aconteciam do lado de dentro foram necessárias pra enxergar toda a beleza de qualquer coisa que viesse de alguma coisa tão diferente de si, que respirasse por si só. Daí alguma ciranda de roda se fez prato do dia e o cambalear se fez
não mais
insosso
em fim.

sexta-feira, 26 de março de 2010

XL.

Mas é claro que eu tô brincando de recorta e cola com essa história toda! Se não há nada que eu possa fazer a respeito, eu posso fazer o que eu quiser disso. E agora eu tô brincando, muito obrigada, que nem eu faço cortando e mudando palavras de letras de músicas quando eu tô me importando com minhas rigorosidades menos que o de costume.
Eu posso, até, mudar o ângulo do seu olhar naquele dia em que você olhou pra mesa. Eu posso até te fazer olhar o espelho.

terça-feira, 23 de março de 2010

XXXIX.

Chega de ópio, de cegueira e de fingir. Tá na hora de encarar a pressão interna da sua cabeça infernal. E decidir como seus próximos segundos e meses vão acontecer. Porque eles tão acontecendo, independente de você.

As coisas acontecem, independente de mim. Um dia eu vou ter que entender.

quarta-feira, 17 de março de 2010

XXXVIII.

Andei me misturando demais, de novo. Tropeçando de propósito e tateando sem motivo.
Esses meus rompantes sempre me enojam. Esses que nem se justificam com um "porque sim", que não se justificam por absolutamente nada e me cansam e me esgotam e me obrigam a olhar um rosto menos vivo no espelho.
Um dia desses, se isso for possível, eu me livro de mim e sinto o gosto das coisas.

segunda-feira, 8 de março de 2010

XXXVII.

Eu quero morrer, de novo.

quinta-feira, 4 de março de 2010

XXXVI.

And cheers to me, que tava cortando os excessos de orgulho e, quando percebi, já dizia que orgulho só é bom quando convém.
Orgulho quê?
You liar. You bad liar, Rebecca. Você ainda vai explodir de tanto amontoar contradições que fazem sentido dentro de si. Faz sentido, contradições dentro de si.

XXXV.

I'm not a burning child, I'm just a nowhere child.

terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

XXXIV.

É, se você perguntar, eu te conto coisas horríveis. Em especial, volta e meia, pras coisas que eu quero ou tenho contigo.
É inevitável pensar em auto-sabotagem. Mas, sabe, se eu admito coisas chatinhas e bonitinhas quando elas são verdade, mas não saio defendendo chatices sem propósito, eu posso chamar de verdade. Extirpar o título "auto-sabotagem". Certo? Volta e meia tem, pode ser que tenha disso.
Quantificar a sabotagem dos meus hábitos vai depender da auto-preservação que quem tá observando tem como valor. Ou como referência, como preferir.
Minha mãe olharia pra isso e pensaria "Eu criei um monstro!". Só teria certeza quando eu dissesse "Pera lá, você nutriu um monstro. Cuidado com o que você se culpa por ter feito por mim."... tô soando meio narcisista, né?
Acho saudável. #ironia

XXXIII.

Cheers to me, a crying woman.
Um brinde às pessoas que não querem se arriscar e dizem que é má vontade do risco.
Eu tô te achando tão babaca e lindo e ridículo e desnecessário e coerente e superficial e mau e bom e direito e inevitável que eu não tenho escolha, eu vou continuar aqui, apaixonada por você. Nuns dias mais, noutros menos.
Eu sei que faz sentido na sua cabeça que nem faz sentido na minha, todas as objeções de um em relação ao outro. Mas você nunca me perguntou ou disse umas coisas tão importantes! Que eu não tinha como saber ou conseguir dizer sozinha. E vice-versa. Isso te impede, por definição, de dizer que eu não fui clara contigo. Em um monte de coisas que você não classifica assim, eu estive nua, estive vestida de boba da corte, estive sendo clara, estive sendo exposta, estive te pedindo pra me ver ou me ouvir ou falar comigo. Eu disse "fala comigo" milhões de vezes. Só não consegui sustentar a cara de quem tava pedindo isso, de fato.
E, olha que engraçado, a penúltima coisa que eu quero agora é falar contigo.
A última é te ver. Pode ficar tranqüilo.

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

XXXII.

"A crying woman is a scheming woman. False in legs, and false in thighs... false in breast, teeth, hair and eyes."

domingo, 31 de janeiro de 2010

XXXI.

Beetlejuice, Beetlejuice, Beetlejuice.

sábado, 16 de janeiro de 2010

XXX.

Eu fui burra e mais
Tola, e muito
Inocente, ingênua, desavisada, e eu não sou. Nunca fui, nada disso. Não sou.
Eu não sei se eu já consegui me livrar disso. Eu sei que não me mato mais por sua causa, disso eu sei, só não sei se ainda me mato. Pela minha falta de causa, que seja, morte é morte. Martírio é martírio, mortificação é uma desgraça.
Eu não guardo rancor
Da burrice - de você acho que sim, como não? -
Expectativa é uma coisa chata, eu sei, mas não tem propósito em me punir por uma vez só... só uma, em que ela fugiu ao meu controle.
Eu falei que não ia se repetir, não se repetiu.
Eu até parei de me vigiar, passei a ser mais compreensiva... mas já tinha aprendido a lição, todos esses nãos já eram automáticos. Fileiras de nãos, montes de nada. Eu fiquei realmente boa nisso.
O que também é uma merda.
Alcancei todo meio-termo que me era urgente, naturalmente. Naturalmente urgentes, todos.
Ainda assim, se eu parar pra olhar de perto, com aquela antiga crueldade que eu guardei numa caixinha, eu vejo: nãos automáticos, sims compulsivos. Os sims só tem autonomia se forem autodestrutivos. Em alguma medida imediata, se não for pedir demais.
Mas vê, que problema tem isso se tudo é autodestrutivo? Meus sims também são autoconstrutivos, uma graça. São, não são?
São sim.
Acho que sim.
Juro, juro que eu sou uma pessoa melhor.
Não é possível que eu não seja.
Não é possível que eu seja só mais cheia de pessoas, acontecimentos e álcool e livros e qualquer coisa assim. Porque me dá uma vontade de chorar... eu, que nem gosto de "melhor". Que adoro acontecimentos, pessoas, álcool e livros... choro tanto.
Pai, me vê antes de morrer?

quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

XXIX

"Do I dare
Disturb the universe?
In a minute there is time
For decisions and revisions which a minute will reverse.
For I have known them all already, known them all: —
Have known the evenings, mornings, afternoons,
I have measured out my life with coffee spoons;
I know the voices dying with a dying fall
Beneath the music from a farther room.
So how should I presume?"

T. S. Elliot


Ai, por Afrodite e Ares e pelo único tipo de paixão que eles conhecem, joga pro alto seus bons motivos e suas boas intenções. I've known them all already e acho chatas, prefiro que as coisas sejam como eu queria que fossem.