quinta-feira, 1 de novembro de 2012

LXXXIV.

Quero que me solte, e mergulhar na dor da desconfiança pra ter motivo de ser, leviana, vil.
E que se descuide para que me atire, eu quero... enganar, sujar, matar. Não posso pensar nisso, não posso mais pensar.

quinta-feira, 30 de agosto de 2012

LXXXIII.

Ciclos eternos nem sempre aprisionam, não, existem os que te abraçam, familiares e mornos. Descendentes, em espiral, hipnóticos, calmos, inofensivos, um pouco necessários, fáceis, inteligentes, bem elaborados e simples (!), até se alimentam sozinhos.Você abraça de volta, eles matam.

terça-feira, 24 de abril de 2012

LXXXII.

Descansar o dia todo e se alimentar à noite.
De pele, suor, de riso e deboche do que não pode, não deve e não cai bem.
Eu preciso de olhos nos meus olhos e de corpos no meu corpo, alguns em específico, por uns dias, uma semana, aí passa. Sempre passa, eu sempre passo, isso é o que fica. Continuar, assim, dizendo o que quero quando quero e que quero agora, mesmo, sim e claro. Dizendo o que penso e que a urgência é maior que eu e que a vontade é tudo que existe e vendo, um por um, os rostos assustados ou as conversas evasivas. Eu vejo tanta gente, tanta, dizendo que bom é assim, é! Dizer o que quer e o que quer do outro, com o outro, e ser vulnerável assim e ver daí o que acontece e ir atrás do que quer.
É sempre mentira, não é? Todo mundo escreve, não faz. Todo mundo inveja os personagens sangüíneos que quase saltam da tela pra te estapear quando se frustram e bebem e se mostram do avesso e ligam e falam sobre as piores coisas que aconteceram em suas vidas, é só perguntar. Porque sabem que todo mundo é vulnerável igual, de algum jeito, em algum lugar.
Dezenas, centenas, milhares de pessoas agitando uma massa cinzenta, com vontades furta-cor, admirando uma espontaneidade transbordante, sendo só de uma impulsividade química. Com medo de levar a sério e de não levar a sério, no dia da ressaca. Querendo saber se vão cobrar o cinema que combinaram ou aperecer pra visitar às duas da tarde, que desconfortável.

segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

LXXXI.

Não importa o quanto eu não queira mais ver você me afetar por estar perto, não quero nem o toque, não quero conversa... mas não importa o quanto eu não queira mais que você me olhe de perto e pense em coisas que não vai dizer, não queira sua boca, e eu não quero essas marcas só suas, não quero seus dentes na carne, não quero seu cheiro.
Não importa o quanto eu não goste da idéia de transparecer, se o encontrasse, mas era certeza! De transparecer, transpirar que se lembro a embriaguez que tinha por certo seu corpo como refúgio e brinquedo; e eu lembro do medo que às vezes não dava pra ignorar. Aquele frio na espinha, a pedra no plexo, de estar vulnerável à sua loucura.
É muita, a sua loucura. Não é boa, não é tão bonita quanto você pensa, não passa perto do que eu quero por perto e não importa.
Ninguém vai, nunca, fazer aquelas coisas todas com o meu corpo, sangue e paladar.
Sua loucura era hospedeira dos meus sentidos, você é minha maior fantasia.